Exposição "André Steiner. O corpo entre o desejo e a superação" no Museu de Arte e História do Judaísmo

André Steiner começou a fotografar por paixão pela sua futura esposa e pelo desporto que amava, e expressou o seu talento capturando corpos nus em movimento em Paris entre as guerras.

Nascido na Hungria em 1901, foi um dos primeiros utilizadores de uma Leica em 1924, que lhe foi oferecida no âmbito da sua formação científica na prestigiada Technische Universität de Viena. Realiza uma série de nus de Léa Sasson, conhecida como Lily, a sua futura esposa. Em 1928, deixa Viena e parte para Paris, devido ao aumento do antissemitismo na Áustria.

Tendo abandonado o seu trabalho como engenheiro de som, André Steiner decide dedicar-se inteiramente à fotografia, explorando ao máximo as suas possibilidades. Abriu um estúdio e colaborou amplamente com a imprensa. A sua experimentação moderna do meio faz dele um dos defensores da estética germânica da "Nova Visão", que ajuda a difundir em França.

Campeão do decatlo nos Jogos Mundiais Universitários de 1928 e treinador de natação em Viena no clube desportivo judeu Hakoah ("Força" em hebraico), André Steiner dedica-se em Paris à fotografia desportiva, ainda pouco explorada. Torna-se especialista do corpo em movimento e do nu. Adepto do ideal comunista - em 1919, participou na efémera República dos Conselhos, na Hungria -, considera o corpo fotografado como um manifesto individual e social. Nos anos 30, esta conceção moral do corpo é partilhada pela VU, para a qual André Steiner fotografa o desporto e a dança, contribuindo para a criação do estilo caraterístico da revista.

Em 1939, o fotógrafo alista-se na Força Aérea Francesa. Desmobilizado em 1940, ameaçado por ser judeu e estrangeiro, deixou Paris para o Sul de França, antes de se juntar à Resistência. Após a guerra, André Steiner obtém a nacionalidade francesa. De volta a Paris, especializou-se em fotografia aplicada à tecnologia e à ciência. Morreu em Paris em 1978.

Apresentada no âmbito das Olimpíadas Culturais, esta exposição é possível graças aos empréstimos excepcionais do Museu Nicéphore Niépce de Chalon-sur-Saône e do Museu Nacional de Arte Moderna - Centro Pompidou.