O mais recente filme do realizador iraniano Mani Haghighi, Persian Shadows, chega aos cinemas a 19 de julho. Haghighi, que ficou conhecido com Valley of Stars e surpreendeu o público com uma das suas últimas longas-metragens, Pig , lançada em 2018, oferece um thriller sombrio passado no coração de Teerão. Persian Shadows teve a sua estreia mundial no Festival Internacional de Cinema de Toronto, em setembro de 2022.
O filmeé protagonizado pela atriz Taraneh Alidoosti, no papel de Farzaneh, e por Navid Mohammadzadeh, no papel de Jalal. Taraneh Alidoosti é particularmente conhecida pelos seus papéis em filmes do realizador Asghar Farhadi, incluindo O Cliente, que ganhou oÓscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2017. Os dois actores principais também já tinham contracenado no magnífico drama Leila et ses frères.
Persian Shadows conta a história de um casal que vive no coração de Teerão. Farzaneh é uma instrutora de condução a meio de uma aula quando vê o seu marido Jalal entrar num apartamento desconhecido. O que se segue é um encontro inesperado e invulgar: o casal encontra-se frente a frente com o seu duplo. Entre o espanto e o medo, os quatro protagonistas envolvem-se numa história que mistura amor e manipulação.
O nosso veredito :
Les Ombres persanes (As Sombras Persas) faz jus ao seu nome: é impossível encontrar um título mais apropriado para este filme noir, onde a cena é sublimada pelo constante jogo de sombras. Apenas o que o realizador nos quer mostrar é iluminado, através de néons intermitentes ou de luzes brancas deslumbrantes. Tudo isto é assustador, deixando o espetador àsescuras - e sob uma chuva torrencial - durante a maior parte do filme.
O duplo é o tema central do filme: Farzaneh e Jalal confrontam-se com tudo o que não são - ou com tudo o que não poderiam ser. Mais uma vez, a iluminação particular do filme reflecte esta ideia de escolha e decisão. Embora, visto de fora, Les Ombres persanes não pareça ser particularmente crítico da atual situação política no Irão, o seu conteúdo é eminentemente político. Através das duas personagens femininas, o filme ilustra a situação da mulher atual e o que poderia ser. Uma dicotomia permanente entre as personagens e os costumes permeia o filme e evoca todas as possibilidades que surgem das escolhas de vida - ou das vidas que são impostas.
Estas reflexões do eu atordoam, implicando um elemento de mistério que permanece inexplicado - pois o contrário destruiria a existência do filme.
Les Ombres persanes deslumbra com a sua direção meticulosa e actores brilhantes que conseguem entrar na pele de duas personagens respetivamente. Fábula política sombria, este drama consegue, no entanto, oferecer várias réstias de esperança. No meio da escuridão retratada, Mani Haghighi vê uma luz brilhante: o amor.
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