O que é que se segue? - Isabelle Nanty e Gérard Darmon numa comédia sobre transição de carreira

Por Julie de Sortiraparis · Actualizado em 11 de dezembro de 2025 às 18h43 · Publicado em 6 de setembro de 2024 às 17h19
O que fazemos agora?, comédia de Lucien Jean-Baptiste com Isabelle Nanty e Gérard Darmon, estreia em 2024 e chega ao Netflix em 2 de janeiro de 2026.

Dirigido por Lucien Jean-Baptiste (Il a déjà tes yeux, La Deuxième Étoile), On fait quoi agora? é uma comédia social estrelada por Isabelle Nanty, Gérard Darmon e Lucien Jean-Baptiste. Lançado nos cinemas em 2 de outubro de 2024, o filme aborda a transição de carreira após os 50 anos, centrando-se em um trio que se recusa a ficar de fora do jogo. A obra estará disponível em streaming na Netflix a partir de 2 de janeiro de 2026, juntando-se ao catálogo de comédias francesas contemporâneas que giram em torno do tema da “segunda chance”.

Aos 58 anos, Alain, vivido por Gérard Darmon, é repentinamente despedido. Em vez de se entregar ao desânimo, decide criar sua própria empresa para mostrar que ainda tem valor. Sua aposta: entrar no setor de cuidado infantil, um ramo que ele conhece pouco, mas que enxerga como uma oportunidade garantida. Ele conta com a parceira de Véronique, interpretada por Isabelle Nanty, uma ex-colega marcada pela depressão, e de Jean-Pierre Savarin, vivido por Lucien Jean-Baptiste, um apresentador de TV em decadência.

Juntos, esses três personagens tentam fazer sua marca em um universo totalmente novo para eles, acumulando tropeços, ideias confusas e situações quase impossíveis. O filme mergulha nos questionamentos, medos e impulsos de um trio que se recusa a ser definido pela idade ou pelos fracassos, ao mesmo tempo em que confronta seu projeto às realidades econômicas e sociais. Sua jornada se torna um verdadeiro laboratório de “conviver”, entre solidariedade, choques de personalidades e uma revisão completa de suas trajetórias.

O trailer de O que fazemos agora?

O projeto nasce quando a TF1 Studio propõe a Lucien Jean-Baptiste a adaptação de Abuelos, de Santiago Requejo, uma comédia social centrada em três idosos que sonham em abrir uma creche. O cineasta quer se afastar do final original para direcionar o filme para uma reflexão mais ampla sobre o vivência em comunidade e o papel das pessoas acima dos 50 anos no mercado de trabalho. Após vários anos de desenvolvimento e cerca de uma dezena de versões do roteiro, coescritas com Christophe Duthuron e Méliane Marcaggi, o projeto passa a ser mais pessoal, reescrito em torno de um trio de personagens idealizados para Gérard Darmon e Isabelle Nanty.

As filmagens aconteceram principalmente na Região das Pro critérios de ordenação, com destaque para a Vendée, onde Lucien Jean-Baptiste se estabeleceu após a Covid. A escolha dos cenários fixa a narrativa em uma França periurbana e provinciana, afastada das grandes metrópoles, o que reforça a identificação com personagens que enfrentam realidades econômicas comuns: demissões, reconversões forçadas, a necessidade de se « multiprocessar » para se manter no mercado de trabalho. O nome do personagem principal, Alain Morin, remete aos « Michel Morin » — esses operários multifuncionais citados pelo cineasta como uma homenagem discreta aos trabalhadores versáteis.

Em termos de tom, O que fazemos agora? segue a mesma linha de algumas comédias sociais francesas recentes, podendo ser comparado a O Grande Banho ou a filmes populares como Les Tuche e O Que Fazemos Com o Bom Deus?. A produção aposta em um humor acessível, baseado nas diferenças entre esse trio de cinquentões e um setor – a criação de crianças – tradicionalmente ligado a outros perfis. O público-alvo é aquele formado por espectadores em busca de comédias leves e otimistas, que abordem temas como desemprego, depressão e reconversão profissional de forma descontraída, sem perder o toque de comentário social.

Nossa opinião sobre Então, o que fazemos agora? (2024):

Então, o que fazemos agora?, dirigido por Lucien Jean-Baptiste, é uma comédia que aborda um tema pouco explorado no cinema: a mudança de carreira após os 50 anos. Com um trio de atores talentosos—Isabelle Nanty, Gérard Darmon e o próprio Jean-Baptiste—o filme busca equilibrar humor e reflexão sobre a busca por uma segunda chance. No entanto, a obra dividiu opiniões, oscilando entre elogios a uma comédia gentil e críticas à falta de originalidade.

Lucien Jean-Baptiste interpreta Alain, um homem que, ao ser demitido na casa dos cinquenta, decide abrir seu próprio negócio. Sua atuação captura com precisão as dúvidas e o entusiasmo de uma reconversão tardia. Ao seu lado, Isabelle Nanty brilha em momentos cômicos com uma naturalidade impressionante, especialmente nas trocas de palavras com a esposa de Alain, onde ela expressa suas frustrações sem rodeios. O filme é repleto de cenas engraçadas baseadas nessas trocas, incluindo uma das frases mais marcantes: « Pode ficar quieta, porque aí você só fica cortando e o que você fala não tem graça nenhuma. »

Gérard Darmon dá vida a Jean-Pierre Savarin, um ex-apresentador de televisão de destaque, conhecido pelo programa « Apenas 1 pergunta », que agora vive à sombra do próprio passado. Com uma mistura de patetismo e carisma, o personagem revela, sob a comédia, uma certa pretensão e megalomania—traços que, na essência, mostram um homem decadente, dependente financeiramente do pai após perder tudo o que tinha.

Na pressão, Jean-Pierre aceita ajudar Alain na sua mudança de rumo, assumindo o papel de influenciador digital—uma inversão irônica para alguém que, outrora no topo, precisa explorar sua fama passada para alavancar o projeto do amigo. Essa relação entre os dois gera momentos tanto cômicos quanto emocionantes. Darmon, com seu carisma natural e facilidade para interpretar personagens exagerados, acrescenta um toque de humor ao jogar com as contradições de um homem demasiado orgulhoso para admitir sua queda, mas disposto a colocar o ego de lado por amizade.

Assim, Jean-Pierre torna-se uma figura central na narrativa, cuja trajetória reflete o tema principal do filme: a reinvenção de si mesmo, mesmo quando tudo parece perdido. Sua jornada simboliza, à sua maneira, a importância de se adaptar a um mundo em constante mudança, sempre com uma dose de humor e sarcasmo.

Na essência, o filme transmite uma mensagem positiva: a capacidade de se reinventar, mesmo em idades em que muitos temeriam o fim de oportunidades. Com essa abordagem gentil e acessível, Então, o que fazemos agora? consegue atingir um público diversificado, principalmente aqueles que se identificam com esse momento de transição na vida.

Porém, aqui reside uma das principais críticas: embora seja uma produção agradável, falta-lhe surpresa. O roteiro é considerado previsível, com situações muitas vezes já vistas em outras comédias sobre trabalho e mudanças de carreira. A trajetória de Alain, embora emocionante em alguns momentos, segue uma estrutura clássica, onde os obstáculos parecem ser resolvidos de forma um tanto fácil demais, o que diminui o impacto dramático e cômico da história.

Alguns espectadores desejariam um tratamento mais aprofundado do tema, com críticas sutis aos mal-entendidos cômicos e às realidades sociais enfrentadas por pessoas de diferentes origens. Uma frase de Alain, “Sabe o que é ser negro na França? Além disso, Martiniquês? Sempre comparado ao Franky Vincent”, levanta uma questão importante, embora fique na superfície, sem um desenvolvimento mais profundo.

Como toda comédia, Então, o que fazemos agora? se sustenta principalmente nos mal-entendidos — bem utilizados para gerar humor. A situação de Alain, entre o projeto empreendedor e as tensões familiares, serve de palco para confusões divertidas, reforçadas por diálogos ágeis e bem escritos. Esses momentos leves funcionam bem graças à dinâmica do elenco, com as réplicas afiadas de Nanty acrescentando um toque picante ao filme.

Apesar disso, alguns críticos lamentam que o filme caia em uma certa facilitação ao recorrer a clichês, tanto na representação da crise dos cinquenta quanto na abordagem de estereótipos culturais e sociais. Se a intenção é entreter, há uma sensação de decepcionante falta de ousadia na narrativa.

Então, o que fazemos agora? é uma comédia agradável que, apesar de suas fraquezas, consegue emocionar e arrancar sorrisos com um elenco competente e diálogos bem construídos. Ele transmite uma mensagem de esperança: a capacidade de se reinventar em qualquer idade, enquanto proporciona momentos leves com muitos mal-entendidos hilários. Sua principal audiência são aqueles que buscam um entretenimento otimista e gentil, sem exigir uma análise profunda dos temas abordados.

Qual é o próximo passo?
Filme | 2024
Estreia no cinema: 2 de outubro de 2024
Disponível na Netflix em 2 de janeiro de 2026
Comédia | Duração: 1h31
De Lucien Jean-Baptiste | Com Isabelle Nanty, Gérard Darmon, Lucien Jean-Baptiste
Nacionalidade: França

Entre comédia de situação, retrato da crise da meia-idade e crítica social, O que fazemos agora? oferece uma abordagem acessível sobre a reinvenção na idade em que muitos se sentem deixados de lado. Apoiado por um trio de atores experientes na comédia popular, o filme destaca a solidariedade, o humor e a capacidade de recomeçar, agora ao alcance de um novo público graças à sua exibição na Netflix.

Para explorar ainda mais, confira também a nossa seleção de novidades da Netflix para janeiro, nosso guia das estreias em streaming de todas as plataformas e a sugestão do dia O que assistir hoje em streaming.

Esta página pode conter elementos assistidos por IA, mais informações aqui.

Informação prática

Datas e horário de abertura
Do 2 de janeiro de 2026

× Horários de abertura aproximados: para confirmar os horários de abertura, contactar o estabelecimento.
    Comments
    Refine a sua pesquisa
    Refine a sua pesquisa
    Refine a sua pesquisa
    Refine a sua pesquisa