Sabia que... Quem era Max Linder, que deu o seu nome ao cinema do 9.º arrondissement?

Por Laurent de Sortiraparis · Fotos de Laurent de Sortiraparis · Actualizado em 17 de novembro de 2025 às 15h30 · Publicado em 17 de novembro de 2025 às 12h51
Símbolo do cinema de autor em Paris, o Max Linder Panorama perpetua a memória do seu fundador, pioneiro do cinema mudo. Por trás desta sala mítica, esconde-se a história trágica de um artista visionário que marcou a história da sétima arte. Mas quem era Max Linder? Vamos contar-lhe.

No coração dos Grands Boulevards, o Cinema Max Linder Panorama continua a atrair os cinéfilos parisienses em busca do grande ecrã e da história da sétima arte. Mas por trás deste nome, que se tornou uma instituição do 9.º arrondissement, esconde-se uma figura importante do cinema mudo: Max Linder.

Ator, realizador, argumentista e verdadeiro pioneiro, inspirou gerações inteiras de artistas, de Charlie Chaplin a Pierre Étaix, passando por Jean Dujardin. No entanto, por trás do seu sorriso e das suas piadas engenhosas, esconde-se um destino trágico, o de um génio dominado pelos seus demónios. Quem era Max Linder? Vamos contar-lhe.

Max Linder Panorama : un cinéma indépendant à l'écran panoramiqueMax Linder Panorama : un cinéma indépendant à l'écran panoramiqueMax Linder Panorama : un cinéma indépendant à l'écran panoramiqueMax Linder Panorama : un cinéma indépendant à l'écran panoramique

Um dândi inventor da personagem cinematográfica

Nascido Gabriel Maximilien Leuvielle em 1883 em Saint-Loubès, na Gironda, Max Linder cresceu num ambiente burguês, no coração das vinhas de Bordéus. Formado brevemente no conservatório de Bordéus, mudou-se para Paris para tentar a sua sorte no teatro, sem grande sucesso. Foi na Pathé que finalmente encontrou o seu caminho: a empresa contratou-o para rodar filmes cómicos diariamente. Max Linder não se contentou em ser apenas um ator, tornou-se um criador de formas, inventando a personagem de Max, um jovem dândi elegante com cartola e bigode, protótipo do herói da comédia moderna.

O sucesso foi imediato. A partir de 1910, Max Linder encadeou curtas-metragens, acumulando os papéis de argumentista, realizador e ator. Os seus filmes, verdadeiras pequenas máquinas burlescas, seduziram o público internacional. As suas digressões triunfais no estrangeiro consagraram-no como a primeira estrela mundial do cinema. O próprio Charlie Chaplin se inspirou nele para criar seu famoso personagem Charlot, prestando homenagem àquele que chamava de "seu mestre".

O criador visionário do Cinema Max Linder

Consciente de estar a construir uma obra duradoura, Max Linder concebeu o seu próprio cinema em Paris. Em 1919, inaugurou o Max-Linder na boulevard Poissonnière, uma sala pensada nos mínimos detalhes, desde a disposição dos assentos até à orquestração musical. Este local, hoje transformado no Cinema Max Linder Panorama, testemunha a sua exigência e visão artística. O ator controlava tudo, convencido de que o cinema era uma arte total, onde a encenação e o ambiente deviam fundir-se.

Mas por trás dessa rigidez esconde-se uma fragilidade crescente. Após um grave acidente durante as filmagens, problemas de saúde e fracassos profissionais, o artista instala-se por um tempo em Lausanne, depois em Chamonix. É lá que conhece Hélène Peters, uma jovem de dezasseis anos com quem se casa apesar da relutância da família, num ambiente já marcado pela melancolia.

Um génio em luta com os seus demónios

A carreira de Max Linder continua em Hollywood, onde realiza vários longas-metragens ambiciosos, incluindo Le Roi du cirque. Apesar das críticas favoráveis, ele tem dificuldade em se impor numa indústria dominada pelos Estados Unidos. Cansado e preocupado com o futuro do cinema francês, ele se engaja na defesa dos direitos autorais dos realizadores e torna-se presidente da Société des auteurs de films. Num discurso em 1925, ele adverte:«Para ter bons filmes, precisamos de bons autores... e, para isso, é preciso reconhecer os seus direitos».

Mas a depressão o alcançou. Em 31 de outubro de 1925, Max Linder tirou a própria vida, levando sua esposa à morte. Ele deixou para trás uma filha de dezesseis meses, Maud, e uma obra inacabada, mas fundamental. Sua trágica morte pôs fim a uma carreira brilhante, ao mesmo tempo cômica e profundamente humana.

O legado de um precursor do cinema mundial

Cem anos após a sua morte, a sombra de Max Linder ainda paira sobre o cinema. As suas piadas, a sua elegância e o seu olhar irónico sobre a sociedade burguesa continuam a influenciar o burlesco moderno. Enquanto Charlie Chaplin encarnava o vagabundo comovente, Max Linder interpretava o dândi desajeitado, prisioneiro do seu mundo civilizado.

Através da sua personagem, ele inventou a própria ideia do herói do cinema, ao mesmo tempo espelho e caricatura do seu criador. E se o Cinema Max Linder Panorama perpetua hoje o seu nome, é porque lembra a ambição de um homem que, muito antes dos outros, compreendeu que o cinema não era apenas entretenimento, mas uma arte capaz de contar a complexidade do mundo e das almas.

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